terça-feira, 6 de agosto de 2013

Arbitragem no Fisiculturismo

Todo atleta deseja alcançar o lugar mais alto do pódio, em todas as competições que participa, seja em seu estado, em sua região, em seu país ou no mundo.

Não existe outra forma de alcançar o sucesso internacional se não por essa hierarquia de conquistas, desde que sua federação siga os trâmites regulares das regras mundiais que regem as federações e comitês em todo mundo.

No âmbito do fisiculturismo não é diferente, para que o atleta participe de uma competição é necessário ser filiado a uma federação de seu estado. Caso isso não ocorra, o atleta fica impedido de participar de qualquer campeonato em nível de território nacional.

No mês de junho deste ano, houve em Recife o campeonato pernambucano de musculação e no mesmo mês ocorreu aqui na cidade o campeonato Norte-Nordeste, com presença de atletas de toda a região que o evento abrange.

Este último, ocorreu num belíssimo teatro da cidade, com público cativo marcando presença e atletas com altíssimo nível. Os campeões de cada categoria aguardavam ansiosamente a grande final, chamada de OVER ALL.

Over All é a disputa de todos os campeões de suas respectivas categorias, consagrando o atleta campeão dos campeões. A "nata" dos atletas das regiões Norte e Nordeste. Uma disputa acirrada, de difícil julgamento, físicos "paralelos" (semelhantes) onde cada detalhe de um critério a ser avaliado, pode fazer a diferença. Realmente emocionante!

Eu como estava presente como um dos árbitros de Pernambuco, e sabendo da responsabilidade de não cometer alguma injustiça com qualquer atleta, fiz o melhor, julguei critério por critério com a imparcialidade de um profissional, para que no final estivesse com a consciência limpa e de dever cumprido.

Mas, o que percebi, com a divulgação do resultado desta categoria, foi a falta de critérios de todos os outros árbitros presentes na mesa. Cada um, pôs o atleta de sua região como vencedor. Exemplo: o árbitro da Bahia escolheu o atleta baiano, de Sergipe escolheu o de Sergipe e assim sucessivamente.

Então, houve um empate entre o atleta de Pernambuco e da Bahia. Ambos no auge de suas formas físicas. E para desempatar (apenas um se consagra campeão Over All, levando o grande prêmio, uma moto), houve um novo julgamento, apenas com os dois finalistas.

Neste momento, o publico fervia de emoção, com gritos de já ganhou, outros falando esse troféu é teu fulano

Com imparcialidade, discernimento e competência, julguei o atleta da Bahia como sendo mais completo e que naquele momento, este atleta merecia o prêmio de campeão dos campeões.

Agora, inocentemente, por sorte ou azar, o meu voto (julgamento) foi o voto de Minerva, ou seja, a disputa continuou empatada na apuração dos votos, e MEU VOTO foi que decidiu o campeão. O que não agradou, nem um pouco a delegação de dirigentes de Pernambuco. Enquanto o atleta campeão ainda comemorava sua conquista, o presidente da Federação de Pernambuco dirigiu-se a mim e falou: em quem você votou? (essa pergunta foi suficiente para desencadear na feição da delegação local uma cara de reprovação), posteriormente me ligou e disse em outras palavras que eu não era patriota!

Fiquei sem entender!!! Pois, até onde eu sei, toda minha preparação como árbitro, deveria aquilatar o melhor com total isonomia.

Desde então, não mais participarei das competições de fisiculturismo, pois, apesar de não ganhar nada para esta função, fazia por amor, até porque sou Profissional de Educação Física e a base de meus treinamentos sempre foi a musculação, a qual me dedico desde quinze anos de idade. Passar todos esses anos treinando e trabalhando com musculação e não conhecer o seu lado de competições, é a mesma coisa de ser professor de natação e não entender de sua competição.

Agradeço a oportunidade de participar (desde 2005) como árbitro de uma Federação histórica, onde seu dirigente é uma personalidade muito respeitada e citada por fazer parte do pioneirismo do esporte no Brasil. Acredito que haja outros interesses acima de profissionalismo e neutralidade, no qual, não me enquadro.

Até a próxima!