quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Obesidade Infantil e Depressão - PARTE I



Nesse mês de Outubro, no Brasil, comemoramos o dia da criança, são presentes para filhos, sobrinhos, netos e amigos mais próximos. Infelizmente nem tudo é tão perfeito assim. Um fato que vem chamando a atenção da saúde pública, mundialmente falando, é a obesidade infantil. Mas, desta vez ela não está sozinha, dados de pesquisas vem demonstrando um crescente número de depressão aos portadores dessa doença.

Nesta publicação faço um resumo (em duas partes) do que vem surgindo nos estudos mais recentes em relação ao comportamento de crianças com excesso de peso e tendências para desenvolver a depressão. Esse assunto é recente no meio científico por isso, é necessário dar tempo ao tempo para que mais estudos sejam realizados para que se torne possível encontrar evidências com maior expressão em âmbito nacional e internacional.

A obesidade infantil está cada vez mais se firmando como uma epidemia mundial. Dados recentes sobre a obesidade infantil nos países industrializados, vem alarmando as autoridades responsáveis pela saúde pública pois, a inatividade física e a alimentação desbalanceada contribui para o aumento desses dados (Frelut & Navarro, 2000 citado por Gonçalves Luis e colaboradores, 2005).

No Brasil não está sendo diferente. Em um estudo realizado para representar a população de adolescentes brasileiros, onde foram pesquisados mais de 13 mil indivíduos com idade entre 10 a 19 anos, demonstrou que a maior prevalência de obesidade entre adolescentes, está no sexo feminino com nível sócio econômico mais alto e de regiões industrializadas (Neutzling e colaboradores, 2000).

Fisberg (1995) reafirma o que outros pesquisadores publicaram, que cerca de 20% de crianças obesas podem se tornar adultos obesos e que quanto maior a intensidade da obesidade e mais cedo ela se manifesta, maior será as chances dessa criança ser uma adolescente e um adulto obeso. Os hábitos alimentares são os responsáveis por tamanha proporção dessa doença visto que, os fatores genéticos e disfunções endócrinas são responsáveis por 1% dos casos de obesidade (conhecida como obesidade endógena) e 99% é resultado de ingestão alimentar excessiva em relação ao consumo energético ideal para um indivíduo (conhecida como obesidade exógena) (Damiani, Carvalho & Oliveira, 2000).

As características de uma família com indivíduos obesos (obesidade exógena) são: excesso de ingestão alimentar, sedentarismo, relação familiar complicada, desmame precoce, introdução precoce de alimentos sólidos, substituição de refeição por lanches e dificuldade nas relações interpessoais (Campos, 1995 citado por Gonçalves Luis e colaboradores, 2005).

Em se tratando de dificuldades nas relações sociais, vemos diariamente notícias sobre o bulling nas escolas, filhos que sofrem agressões dos pais e vice versa, criminosos cada vez mais jovens, em fim, uma gama de acontecimentos que nos chocam e com uma frequência tão frenética que tenho medo de que a humanidade se acomode com isso! Esses tipos de comportamentos são denominados (ou podem se tornar) transtornos psicológicos (TP) .

Agora imagine uma criança com sobrepeso (ou obesa) numa aula de Educação Física! Em muitos casos, elas são alvos de exclusão dos times, preconceitos e infelizmente escanteadas e/ou humilhadas por aqueles que se dizem Profissionais de Educação Física durante suas aulas. As crianças vítimas de preconceitos por serem gordinhas, podem desenvolver TP em alguma fase de suas vidas.

A interferência da mídia na imposição de um corpo magro faz com que cada vez mais os adolescentes busquem para si esse estereótipo considerado como o da perfeição. Mas, em relação a adolescentes obesos, essa imposição social causa insatisfação corporal, sentimentos de angústia, vergonha e rejeição do próprio corpo. Este adolescente passa a se perceber "diferente" perante a sociedade, afetando negativamente a sua auto-estima e auto-imagem corporal (Alli e colaboradores, 2007).

Isso tudo pode proporcionar problemas psicológicos, sociais e comportamentais. Muitas vezes, devido a essa imposição da mídia, pessoas obesas sofrem discriminação e estigmatização social, podendo ser prejudicados em seu funcionamento físico e psíquico, afetando sua qualidade de vida (Khaodhiar, McCowen & Blackburn, 1999).

Esse quadro, acima citado, vem aumentando cada vez mais sua frequência de incidência. Formando adultos muitas vezes depressivos por não se enquadrarem num perfil social imposto pela mídia.

Na próxima publicação apresentarei alguns estudos que foram publicados sobre esse assunto tão importante mas, que as autoridades responsáveis não percebem ou, se percebem fazem vista grossa ou, não sabem como cuidar!


Até a próxima!