quinta-feira, 23 de julho de 2015

Reabilitação Cardíaca e suas Diretrizes




Olá pessoal, venho este mês publicar um resumo do que a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) tem como diretriz sobre a reabilitação cardíaca. Boa consulta a todos!

Mas antes, saibamos o significado de REABILITAÇÃO CARDÍACA: trata-se de um conjunto de atividades imprescindível para assegurar aos portadores desta cardiopatia as melhores condições físicas, mentais e sociais para que se consiga uma vida ativa e produtiva no ambiente em que vive. Ou seja, obter mais qualidade de vida (Organização Mundial de Saúde - OMS).

Os benefícios da reabilitação são bem evidentes na frequência cardíaca, na pressão arterial, no metabolismo, na função ventricular, no consumo de oxigênio, e na força muscular. Esta por sinal, tem um destaque no texto onde o treinamento de força é primordial no tratamento, por promover uma melhor saúde, melhor capacidade funcional, contribuindo assim para o aumento da qualidade de vida do indivíduo.

Destaque para o treinamento de força, segue texto na íntegra:

Durante a contração isométrica, observa-se aumento da freqüência cardíaca, que varia de acordo com a massa muscular envolvida na contração, com a força voluntária máxima e com a duração da contração. Esse aumento, que não costuma ultrapassar valores entre 62,7% e 85,2% da freqüência cardíaca atingida durante um teste de esforço máximo em esteira, é o responsável pela elevação do débito cardíaco (DC), já que o volume sistólico, em geral, não se eleva durante a contração isométrica, podendo, inclusive, diminuir. Durante a contração isométrica, o aumento da pressão arterial diastólica aumenta a perfusão coronariana durante a diástole, reduzindo os episódios de isquemia miocárdica durante esse tipo de treinamento. Uma revisão de 12 estudos sobre o uso do treinamento de força em programas de reabilitação cardíaca mostrou que, em portadores de doença arterial coronariana estável, já em treinamento aeróbico por pelo menos três meses, adicionar o treinamento de força (resistência muscular localizada) parece ser bastante seguro, promovendo melhora da força muscular e da endurance, sem desencadear episódios de isquemia miocárdica, anormalidades hemodinâmicas, arritmias ventriculares complexas ou outras complicações cardiovasculares.

Apesar de os mecanismos de melhora serem diferentes, tanto o treinamento aeróbico quanto o treinamento de força produzem efeitos favoráveis sobre a densidade mineral óssea, tolerância à
glicose e a sensibilidade à insulina. Para o controle do peso corporal, o treinamento de força aumenta o gasto calórico através do aumento da massa muscular magra e do metabolismo basal.
Em indivíduos jovens, o treinamento de força eleva a resistência muscular, mas afeta pouco o VO2 máx. Em idosos, Vincent e cols., demonstraram aumento superior a 20% na capacidade aeróbica após o treinamento de força durante 24 semanas, provavelmente secundário à elevação da atividade das enzimas oxidativas e por diminuição da fraqueza da musculatura nos membros inferiores,
permitindo o prolongamento do tempo de exercício.

Não pude deixar de dar ênfase ao treinamento de força e expôr na íntegra o texto, pois esta, é minha área de atuação e onde venho acumulando vasta experiência profissional.

As limitações fisiológicas relacionadas à presença de doença cardiovascular atribui-se a restrição da capacidade funcional devido a redução do Volume de Oxigênio máximo (VO² máx) resultante do procedimento do teste ergométrico.
Para estes indivíduos, a aptidão de exercícios será determinada pela complexa comunicação dos sistemas cardiovascular, respiratório, metabólico e muscular somada pela modulação do sistema nervoso autônomo. Assim sendo, qualquer desequilíbrio nessa comunicação poderá reduzir a capacidade funcional do indivíduo.

Portadores de insuficiência cardíaca, têm suas capacidades funcionais reduzidas pelas alterações desinentes a inépcia desses pacientes em aumentar devidamente o volume sistólico e a frequência cardíaca. Consequentemente resulta numa menor fração de ejeção e menor débito cardíaco.

Já nos portadores de isquemia cardíaca, o exercício é limitado pelo desencadeamento da isquemia miocárdica.

As perdas da capacidade funcional também ocorrem devido a redução da capacidade oxidativa do músculo esquelético, da menor perfusão muscular e da disfunção endotelial promovendo o surgimento da acidose logo nos instantes iniciais do exercício (intolerância ao exercício).

Outros fatores limitantes ao exercícios são sintomas subjetivos de cansaço e dispneia.

Para iniciar um programa de reabilitação e inserção de exercícios físicos, o paciente será submetido a realização de uma avaliação de estratificação de risco. Em alguns casos, poderá haver contra-indicação à prática da atividade física.
Antes da sessão de exercício o paciente será avaliado para a identificação de sinais e sintomas sugestivos de descompensação cardiovascular que possam suceder em risco aumentado de complicações durante o treino.
A pressão arterial (PA) e a frequência cardíaca devem ser monitorados antes durante e depois. Em alguns casos, deve-se aguardar o início dos exercícios cerca de oito semanas após evento agudo.

Contra-indicações absolutas à pratica de exercício físico:

1. Angina instável
2. Tromboflebite
3. Embolia recente
4. Infecção sistêmica aguda
5. Bloqueio AV de 3° grau (sem marca-passo)
6. Pericardite ou miocardite aguda
7. Arritmia não-controlada
8. Insuficiência ou estenose mitral ou aórtica graves sem tratamento adequado
9. Insuficiência cardíaca descompensada
10. Hipertensão arterial descontrolada (PAS ≥ 200 ou PAD ≥ 110)
11. Depressão do segmento ST > 2mm
12. Problemas ortopédico ou neurológico graves
13. Diabetes mellitus descontrolada
14. Doença sistêmica aguda ou febre de origem desconhecida
15. Outros problemas metabólicos descompensados


Embora existam restrições de alguns casos, para obter sucesso no tratamento, a pessoa (paciente), terá de participar ativamente do processo de adaptação de uma nova realidade.
Mudanças de hábitos alimentares, terapia medicamentosa, reavaliação periódica pelo médico, vontade de viver, aderência aos treinos fazem o caminho para uma melhor qualidade de vida.

Até a próxima!


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