segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Hérnia de Disco e Treinamento de Força

Muitas pessoas apresentam hérnia de disco sem ao menos saber que têm essa lesão (na literatura é considerada como doença). É isso mesmo, não sabem que carrega consigo um dano físico tão sério que poderá impedir o indivíduo de executar da mais simples tarefa diária de se levantar ao esforço de carregar uma sacola e pô-la no chão.

O indivíduo descobre que tem hérnia de disco quando surge a crise, ou seja, a dor gerada pela discopatia e através de exames específicos o médico dá o diagnóstico: hérnia de disco.
Daí por diante as regras serão: seguir rigorosamente o tratamento prescrito.

Antigamente apresentar uma discopatia era sinônimo de invalidez, pois, o paciente não poderia realizar nenhum tipo de movimentação "normal" para o seu cotidiano, para não desencadear novamente a crise.

Entenda como as dores acontecem:

A discopatia é uma doença que pode ser descrita como uma saliência, hérnia, ruptura, deslizamento, degeneração ou extrusão, que ocorre no disco intervertebral. Essa doença está relacionada com a ruptura de fibras do anel fibroso do disco intervertebral, permitindo ou não a extrusão ou protusão do centro do disco (núcleo pulposo)(Cailliet, 2001).




Quanto maior o deslocamento do núcleo pulposo, maior será a dor. Quando as camadas do anel intervertebral se rompem o espaço entre elas será ocupado por gel fluido, essa ruptura do anel determina um aumento do volume do disco em protusão, resultando em aumento da dor referida (McKenzie, 1991).

Essas dores podem acontecer em vários pontos da coluna vertebral, desde a região cervical (pescoço), região torácica (região do tórax) até a região lombar (parte baixa das costas). A incidência dessa lesão é mais comum na região lombar, seguidas pela regiões cervical e torácica (Greenberg MS, 1997, citado por Dantas e colaboradores, 1999).

Na origem e desenvolvimento da lombalgia estão envolvidos fatores de risco individuais e profissionais. Os mais frequentes fatores de risco individuais são: a idade, o sexo, o índice de massa corporal, o desequilíbrio muscular, a capacidade de força muscular, as condições socioeconômicas e a presença de outras enfermidades. Do lado profissional os fatores que mais se destacam são: movimentações e posturas incorretas derivadas de ambientes inadequados de trabalho (Junior MH e colaboradores, 2010).

Em destaque no parágrafo acima, encontra-se três, do que considero, dos fatores decorrentes do estilo de vida sedentário: índice de massa corporal (IMC), com certeza a maior parte dos indivíduos encontram-se no mínimo no sobrepeso; desequilíbrio muscular, consequência de vícios posturais e repetições de movimentos do dia-dia; capacidade de força muscular, falta de estímulos de força para musculatura específica (dorsais e paravertebrais).

Caro leitor, acredito que até esse ponto do texto dá pra perceber que tanto os fatores de riscos individuais quanto os profissionais sofrem grandes influências da falta de exercícios, mais especificamente, os exercícios de força.

Apoiado pela literatura atual, apresento alguns resultados de pesquisas científicas onde o foco do tratamento é o treinamento de força para a reabilitação e prevenção das crises de hérnia de disco.
O uso de exercícios de fortalecimento muscular para o tratamento de lombalgias e discopatias resulta em maior eficiência na reabilitação, com enfoque na variação da freqüência, duração e intensidade dos exercícios (Polito, 2003).

Em um estudo, foi dividido dois grupo de pessoas (voluntários) que apresentavam hérnia de disco lombar. Um grupo realizou treinamento de força e o outro não realizou nenhum exercício, sendo denominados de grupo treinado e grupo controle, respectivamente. O grupo treinado executou os exercícios com frequência de três vezes por semana durante 10 semanas. Foi realizada uma avaliação antes do início do programa de treinamento e no fim da 10ª semana.

No decorrer do programa ocorreram adaptações individuais para que não houvesse incidência da dor lombar. Mesmo com essas alterações no protocolo da pesquisa os paciente voluntários se beneficiaram com o treinamento de força. Ao término da 10ª semana o resultado da avaliação foi positivo, pois, o grupo treinado aumentou a massa muscular e diminuiu o percentual de gordura. Esse resultado coincide com os apresentados por pessoas saudáveis submetidas ao treinamento de força (Fleck e Kraemer, 2002).

Entretanto, o treinamento de força tem sido indicado em programas de reabilitação, devido às adaptações neuromusculares obtidas com esse tipo de treinamento. Essas adaptações incluem a melhora na coordenação de movimentos e a hipertrofia muscular (Descarreaux M, Blouin JS, Teasdale N., 2005). Estes mesmos pesquisadores também relatam que os exercícios de força podem produzir uma piora no quadro clínico devido à possibilidade das forças aplicadas sobre o local da herniação causarem algias. Mas que, quando bem aplicados e planejados adequadamente esse tipo de exercício pode fazer parte do programa de tratamento para portadores de hérnia de disco.

São os exercícios físicos orientados que reservam grande importância no tratamento das discopatias. Embora a maioria dos episódios de lombalgia seja autolimitada, devem ser tratados prontamente e de forma eficaz, a fim de se prevenir a cronificação (Junior MH et al, 2010).

Polito (2003), afirma que os exercícios de fortalecimento muscular têm sido indicados na reabilitação de doenças degenerativas discais.

Previna-se, trate-se!

Até a próxima!


REFERÊNCIAS

Cailliet, R. Síndrome da Dor Lombar. 5º edição, Porto Alegre - RS - Brasil, Artmed, 2001.

Descarreaux M, Blouin JS, Teasdale N. Isometric Force Production Parameters During Normal and Experimental Low Back Pain Conditions. BMC Musculoskeletal Disorders. 2005; 6.

Fernando Luiz Rolemberg Dantas, Walter José Fagundes-Pereira, Durvalino Lopes Rocha, JAIR L. RASO. Hérnia de disco cervical gigante - Estudo de caso. Arquivos de Neuropsiquiatria. 1999;57 (2-A):296-300.

Fleck, S.J.; Kraemer, W.J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. 2 º edição, Porto Alegre - RS - Brasil, Artmed, 2002.

McKenzie RA. A Physical Therapy Perspective on Acute Spinal Disorders. In Mayer, TG, Mooney, V, and Gatchel, RJ. Contemporary Conservative Care for Painful Spinal Disorders. Lea & Febiger, Philadelphia, 1991.

Milton Helfenstein Junior, Marco Aurélio Goldenfum, César Siena. Lombalgia Ocupacional. Revista da Associação Médica Brasileira, 2010; 56(5): 583-9.

Polito MD, Maranhão GA, Lira VA. Componentes da Aptidão Física e sua Influência sobre a Prevalência de Lombalgia. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 2003; v. 11, n° 2.

3 comentários:

M.Cesar disse...

Grande Alex, Guru do Fitness, vou te dizer que estou bem desconfiado que estou com esse problemas de hérnia de disco. Tive duas crises bem fortes, de ficar na cama sem andar. Acho que a coisa não tá boa né? Velhos tempos em que eu era um "atleta" coordenado por vc! Rsrsr Abração

Unknown disse...

Quais exercícios recomenda fazer na academia?

Alex Pontes disse...

Olá Reinaldo, alguns exercícios são estruturais para o fortalecimento da musculatura paravertebral. Outros deverão melhorar a flexibilidade da cintura pélvica. Sugiro que busque orientação de um profissional do exercício para obter sucesso em seu resultado.